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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Entrevista com Freud*: sobre a Felicidade sempre Insuficiente


Entrevista com Freud*: sobre a Felicidade sempre Insuficiente



Entrevistadora: Seguimos um caminho de acordo com nosso desejo?
Freud: o objetivo para o qual o princípio do prazer nos impele — o de nos tornarmos felizes — não é atingível; contudo, não podemos — ou melhor, não temos o direito — de desistir do esforço da sua realização de uma maneira ou de outra. 

Entrevistadora: Por que ao evitarmos algo indesejável, muitas vezes, acabamos por repeti-lo?
Freud: caminhos muito diferentes podem ser seguidos para isso; alguns dedicam-se ao aspecto positivo do objetivo, o atingir do prazer; outros o negativo, o evitar da dor. Por nenhum destes caminhos conseguimos atingir tudo o que desejamos. 

Entrevistadora: E se escolhermos um caminho muito diferente do "socialmente aceitável"?
Freud: Naquele sentido modificado em que vimos que era atingível, a felicidade é um problema de gestão da libido em cada indivíduo. Não há uma receita soberana nesta matéria que sirva para todos; cada um deve descobrir por si qual o método através do qual poderá alcançar a felicidade. 

Entrevistadora: Então, nossas escolhas...
Freud: toda a espécie de fatores irá influenciar a sua escolha. Depende da quantidade de satisfação real que ele irá encontrar no mundo externo, e até onde acha necessário tornar-se independente dele. Por fim, na confiança que tem em si próprio do seu poder de modificar conforme os seus desejos. Mesmo nesta fase, a constituição mental do indivíduo tem um papel decisivo, para além de quaisquer considerações externas.

Entrevistadora: decidimos cada passo de nossa caminhada, independente das pedras que encontramos no caminho...
Freud: o homem que é predominantemente erótico irá escolher em primeiro lugar relações emocionais com os outros; o tipo narcisista, que é mais auto-suficiente, procurará a sua satisfação essencial no trabalho interior da sua alma; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo no qual pode experimentar o seu poder. 
Entrevistadora: Obrigada, Dr. Freud.

* Entrevista ficcional baseada em "A Civilização e os Seus Descontentamentos", Freud, 1930.

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