Total de visualizações de página

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Teatro da Praça!

No dia 22 de junho de 2012, às 15:00hs, no Teatro da Praça em Araucária, ocorreram as apresentações das crianças e jovens da Escola Municipal David Carneiro que participaram do Programa Mais Educação. Com o Teatro lotado e muita adrenalina estes jovens atores fizeram o seu melhor!!
Na maquiagem: JuLieta(Alanis), Malvina (Adrimara), Lucrécia(Rafaela), Rosalina(Ingrid), Sra. Capuleto(Amanda) e Assistente de Palco (Manon Veloso de Almeida)
No camarim...Branca de Neve! (Vitória)
A equipe: Jaqueline Neto Moreira, Georgia Gastaldi e a maquiadora Geraldine Marie Gomes

Na sonoplastia Matheus Henrique
Toni Rocha, o diretor da Escola, Municipal David Carneiro


O Fantástico Mistério de Feiurinha: mesa do escritor

Romeu e Julieta: Teobaldo(Willian) e Mercúcio(Enã)
Romeu e Julieta: Cena Final
O Fantástico Mistério de Feiurinha: Escritor(Richardson)
O Fantástico Mistério de Feiurinha: Os pais de Feiurinha (João Henrique e Silvia)
O Fantástico Mistério de Feiurinha: As bruxas Ruim, Malvada e Piorainda(Letícia, Gabiela e Daiane)
O Fantástico Mistério de Feiurinha: Feiurinha(Esther) e Príncipe Encantado (João Victor)
Romeu(Gabriel) e Julieta(Alanis): Cena do Balcão

O Fantástico Mistério de Feiurinha: Rapunzel(Vivian),Cinderela(Tatiane),Branca de Neve(Vitória), Chapeuzinho vermelho(Samara) e Bela (Geovana)




Romeu e Julieta: O baile de Máscaras
Grand Finale


* Fotografias de Tainá Gomes



O Popular publicou...


Subir no palco e sentir a sensação de viver uma outra vida; por um momento, o corpo estremece ao ver a multidão, mas é só dar os primeiros passos e dizer as primeiras palavras que o papel é incorporado e comprova que os tantos ensaios não foram em vão. Foi um pouco disso, junto com muitas outras emoções, que os alunos da Escola Municipal David Carneiro sentiram quando entraram em cena no Teatro da Praça na sexta-feira, dia 25. Depois de meses de ensaio, o grupo apresentou “Romeu e Julieta”, encenado pelos alunos mais novos, enquanto os maiores apresentaram “O Mistério de Feiurinha”.

As aulas de teatro foram possibilitadas através do Programa do Governo Federal, “Mais Educação”, que propõe atividades no contraturno das aulas. Na escola, Inecê Gomes coordena as aulas de teatro desde 2011 e se sente realizada com o projeto e com a evolução de seus alunos: “Essas aulas são muito importantes, essas crianças têm a necessidade e a capacidade de criar cultura. Percebemos muitas diferenças nelas. Muitos não têm incentivo de casa e é necessário passar isso para os pais também. Teve criança que chegou aqui sem saber ler direito, mas por conta dos textos evoluiu nisso, além da concentração, organização, convívio, respeito, postura...”.

Os espetáculos foram um sucesso; com o Teatro lotado por pais e alunos, professores e diretores da Escola, os atores saíram emocionados da apresentação. Conforme contou Inecê, a adaptação e as montagens foram feitas em conjunto. Os alunos queriam uma peça que trouxesse amor, morte e luta, itens que fazem parte de suas realidades. O grupo se divertiu com os ensaios e com a apresentação, botando o lado artístico para funcionar, aumentando ainda mais a capacidade criativa, projetando um futuro melhor. 


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Programa Mais Educação: o Teatro invade a Escola Pública



O Programa Mais Educação que integra ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) como estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e organização curricular, na perspectiva de Educação Integral, desde 2011 está em plena atividade na Escola Municipal David Carneiro,  em AraucáriaNa área de Cultura e Artes, o projeto de Teatro que incluiu também o Teatro de Bonecos ocorre uma vez por semana. 
Em fase de ensaio, crianças e adolescentes participam ativamente das oficinas. "Romeu e Julieta", de Shakespeare, foi a peça escolhida pelas crianças dos anos iniciais que desejavam representar algo que fosse "trágico" e, ao mesmo tempo "bonito e romântico". Amor e ódio, segundo as crianças "fazem parte da nossa vida, assim fica mais fácil representar!".

A partir da iniciativa dos diretores das escolas públicas que aderem aos programas do governo que incluem Cultura e Artes no cotidiano escolar, crianças e adolescentes têm a oportunidade de experienciar diferentes aprendizagens e novas leituras do mundo e de si mesmo.


A arte oferece satisfações substitutivas para as mais antigas e mais profundamente sentidas renúncias culturais, e, por esse motivo, ela serve, como nenhuma outra coisa, para reconciliar o homem com os sacrifícios que tem de fazer em benefício da civilização. Por outro lado, as criações da arte elevam seus sentimentos de identificação, de que toda unidade cultural carece tanto, proporcionando uma ocasião para a partilha de experiências emocionais altamente valorizadas. E quando essas criações retratam as realizações de sua cultura específica e lhe trazem à mente os ideais dela de maneira impressiva, contribuem também para sua satisfação narcísica (FREUD, O futuro de uma ilusão, 1927).
No dia 22 de junho de 2012, às 15:00hs jovens e crianças participantes do Programa Mais Educação irão apresentar os Espetáculos "Romeu e Julieta" e "O Fantástico Mistério de Feiurinha" no Teatro da Praça, em Araucária.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Como criar as crianças segundo Eric Laurent

A criança é confrontada com o fato de que fora da família circulam outros discursos...
Entrevistadora: Atualmente, os novos papéis das mulheres no mercado de trabalho e as inovações produzidas pela ciência, faz alguns anos, levam a cenários impensáveis relativos aos modos de reprodução. O que tem para dizer a psicanálise diante disso?
Eric Laurent: Em todas estas variações ou criações diversas, discursos distintos vão entrar em conflito sobre o que são o pai, ou a mãe, em cada caso. Mas o que vemos é que ninguém quer ter filhos sem pais. É muito evidente, as brigas jurídicas das comunidades gay e lésbicas para serem reconhecidas como pais e mães de filhos, são para poder utilizar os nomes da família. A criança é confrontada com o fato de que fora da família circulam outros discursos. Como então orientar-se, quando, por exemplo, a criança é concebida por fertilização assistida com doador anônimo? Os pequenos na escola lhe dizem: Onde está teu pai? E a criança responde: “Eu não tenho pai”. Como não vai ter um pai? Isso é impossível... E então, como se vai responder e sustentar isso? Como se vai inventar uma solução, um discurso possível? A psicanálise pode, precisamente, nessas circunstâncias ajudar a criança, a mãe, a poderem orientar-se num espaço no qual seja possível usar os termos pai-mãe de uma maneira compatível com o discurso comum.
A psicanálise pode ajudar a criança a orientar-se num espaço no qual seja possível usar os termos pai-mãe de maneira compatível com o discurso comum..
Entrevistadora: Nos momentos de grandes mudanças as crianças são as primeiras vítimas, são os primeiros a sofrer o impacto dessas mudanças. Quais são as questões em jogo para as crianças que estão crescendo?
Eric Laurent: Múltiplas. As formas de patologia do laço social com as crianças e entre as crianças, vêm através das queixas dos que estão a cargo delas, especialmente dos pedagogos, com o papel essencial que agora desempenha a escola na civilização. Não faz muito tempo que a escola tem este papel tão importante para criar as crianças. Antes, a articulação com a religião, a moral, o Estado, o exército, tinham um peso, havia uma variedade de instituições. Cada vez mais se reduz o peso destas para centrar-se na grande instituição escolar, que recolhe as crianças e trata de ordená-las a partir do saber. Uma dificuldade para as crianças de hoje (e o vemos na enorme quantidade de crianças diagnosticadas com déficit de atenção ou hiperatividade), é a de poderem ficar sentadas cinco horas numa escola, o que não acontecia em outras civilizações. O curioso é que parece como uma epidemia o fato de que há mais e mais crianças que não podem renunciar a este gozo do corpo a corpo, das brigas, a agressão física, sem falar da violência desproporcional característica das turmas de adolescentes. Todo este sofrimento funda a idéia de uma patologia da infância e da adolescência. Diz-se que as crianças não suportam as proibições, não toleram as regras.
Há mais e mais crianças que não podem renunciar a este gozo do corpo a corpo, das brigas, da agressão física, sem falar da violência de adolescentes...
Entrevistadora: Poderia esclarecer um pouco mais o que acontece agora nas escolas?
Eric Laurent: Ao impor a educação universal e dizer que todas as crianças têm direitos iguais, ao colocá-las todas no mesmo dispositivo, há patologias que entram dentro deste dispositivo escolar que não estavam lá antes. Por outro lado, com o aumento da precariedade do mundo do trabalho, cada vez mais, pela pressão que existe, as crianças são abandonadas. Antes tinham mães para se ocuparem com elas. Agora a televisão se ocupa. A televisão é como uma medicação, é como dar um hipnótico: fazer dormir... É uma medicação que utilizam, tanto as crianças como os adultos, para ficarem tranquilos diante das bobagens da tela. Mas, a televisão comum a toda a família não é a oração coletiva da tradição, aquela que permitia vincular os membros da família através dos rituais. Quando o único ritual é a televisão, comer diante dela, falar sobre ela ou ficar em silêncio diante desse aparato, isto permite articular pouco esta posição do pai entre proibição e autorização. A escola é, então, precisamente a que articula esta função: os professores aparecem como representantes dos ideais e isto aguça a oposição entre crianças e o dispositivo escolar, transformando as patologias, que não podem se reduzir estritamente a algo biológico nem a algo cultural, na imbricação destas dentro do dispositivo da escola.
A televisão é como uma medicação (...) mas não é a oração coletiva da tradição, aquela que permitia vincular os membros da família através dos rituais...
Entrevistadora: Lewis e Tolkien foram mencionados como duas pessoas que a partir da literatura quiseram propor modelos identificatórios possíveis. Numa época de queda dos ideais, como orientar as crianças nesse sentido?
Eric Laurent: A literatura é sempre uma excelente via para orientar-se. Depois da queda da Primeira Guerra Mundial, da queda dos ideais, os intelectuais estavam preocupados em como se orientar, e orientar a geração que adviria. Alguns escritores explicitamente pensaram em elaborar, com sua obra, uma maneira de proteger as crianças da tentação do niilismo, e orientá-las na cultura e nas dificuldades da civilização, apresentar figuras nas quais o desejo pudesse articular-se num relato. Com O Senhor dos Anéis, Tolkien fez uma tentativa de propor às crianças, aos jovens, uma versão da religião, um discurso sobre o bem e o mal, uma articulação sobre o gozo, os corpos, as transformações do corpo, todos esses mistérios do sexo, do mal, que atravessa uma criança; versões da paternidade. Tolkien conseguiu algo: há muitas crianças para as quais o único discurso que conheceram e que lhes interessa sobre isto é O Senhor dos Anéis nos três episódios. Da mesma maneira, um escritor católico, como C.S. Lewis fez com as Crônicas de Nárnia uma versão da mitologia cristã sobre a abordagem dos temas do bem e do mal, da paternidade, da sexualidade. Graças ao cinema, Tolkien saiu de seus anos trinta, mas para uma geração foi Harry Potter que articula a diferença entre o mundo dos humanos e o mundo ideal dos bruxos, povoado de ameaças, onde o bem e o mal se apresentam como versões do discurso.

Com "O Senhor dos Anéis", Tolkien fez uma tentativa de propor às crianças, aos jovens, uma versão da religião, um discurso sobre o bem e o mal, uma articulação sobre o gozo, os corpos, as transformações do corpo, todos esses mistérios do sexo, do mal, que atravessa a criança...
Entrevistadora: O que podem encontrar as crianças na literatura?
Eric Laurent: Harry Potter foi, para muitas crianças, inclusive as minhas, uma companhia: ir crescendo da infância à adolescência ao longo dos cinco ou seis tomos da história. Ademais, apresentou figuras de identificação muito úteis. Uma criança podia prestar atenção ao que lhe dizia Harry Potter, precisamente, sobre como se articulam o bem e o mal, sobre como devem se comportar na vida e como manejar as aparências e os sentimentos contraditórios que alguém pode conhecer ao mesmo tempo. São ferramentas para salvar as gerações da tentação do niilismo, do pensar que não há nada que valha a pena como discurso. Quando nada vale como discurso, há violência. O único interesse, então, é atacar o outro. A crise dos ideais que se abriu com o fim da Primeira Guerra não se desvaneceu. A que deveríamos prestar atenção? Hoje vemos um chamado a uma nova ordem moral, apoiada no retorno da religião como moral quotidiana. Quando na Europa há violência nos subúrbios, faz-se um chamado aos imãs muçulmanos para que dirijam um discurso de paz aos jovens da imigração. Também aos pais, para tratar de ordenar um pouco o caos engendrado por esses jovens desamparados, que manifestam condutas estritamente autodestrutivas pela desesperança em que estão afundados. Na esfera política, através da famosa oposição entre as questões de temas e valores, vemos que agora o tema é moral. Há uma tendência a pensar que para voltar a obter uma certa calma na civilização, necessita-se multiplicar as proibições, que a tolerância zero é muito importante para restaurar a firmeza da ordem, que as pessoas tenham o temor da lei para lutar contra seus maus costumes. Os analistas, diante desta restauração da lei moral, sabem que toda moral comporta um revés, que é um empuxo superegóico à transgressão. Precisamente, a idéia dos analistas em sua experiência clínica é que sabem que quando a lei se apresenta somente como proibição, inclusive proibição feroz, provoca um empuxo feroz, seja à autodestruição, seja à destruição do outro que vem somente proibir. Há que autorizar aos sujeitos a respeitar-se a si mesmos, não somente a pensar como os que têm que padecer a interdição, senão que podem reconhecer-se na civilização. Isto implica não abandoná-los, falar-lhes mais além da proibição, falar a esses jovens que têm estas dificuldades para que possam suportar uma lei que proíbe, mas que autoriza também outras coisas. Há que falar-lhes de uma maneira tal que não sejam somente sujeitos que têm que entrar nestes discursos de maneira autoritária, porque se fizer isso, vai provocar uma reação forte com sintomas sociais que vão manifestar a presença da morte.
Temos que criar as crianças de uma maneira tal qual logrem apreciar-se a si mesmas, que tenham lugar, e que não seja um lugar de desperdício.
Entrevistadora: Como criar as crianças nesta época?
Eric Laurent: Temos que criar as crianças de uma maneira tal que logrem apreciar-se a si mesmas, que tenham um lugar, e que não seja um lugar de desperdício. Na economia global atual, o único trabalho que pode inscrever-se é um de alta qualificação, ao qual nem sempre vão ter acesso. Não podemos pensar que vamos sair na frente somente com a idéia de que se alguém trabalha bem e tem um diploma, vai encontrar um trabalho. Há crianças que não vão entrar e, apesar disso, têm que ter um lugar na nossa civilização. Não podemos abandoná-las. E este é o desafio mais importante que temos, o dever que nós temos diante delas. Conceber um discurso que possa alojá-los dentro da economia global.

* Por Verônica Rubens. Tradução de Maria Luiza Caldas.
 * Eric Laurent é um dos continuadores do ensino de Jacques Lacan. 
Nota
1. In: La Nación, Edición Impresa
Julho/2007 

Para suportar os dias frios e úmidos de Curitiba...


Depois de um banho bem quente.
Uma poltrona confortável. Enrolada num cobertor e,
Ouvir Patrícia Barber . 
Ler Clarice Lispector.

Fotografia de Lineu Fiho

Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu – eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite (Clarice Lispector).
Um xícara de café com leite quente (com sotaque curitibano) e,
Uma fatia de broa com ricota.
Meias de lã e um gato nos pés.
Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado (Clarice Lispector).

Esta depressão sazonal tenta me apanhar.
Não vai não! Estou bem no frio.
Gosto do frio. Das tempestades.
Só não me dou bem na umidade.


Eu vejo coisas bonitas Em pessoas feiasEu acho coisas estranhasEm pessoas normaisEu sou um pássaro negroCom as entranhasNítidas como cristais (Inecê Gomes)