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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Desejo, saber...do desejo


Desejo, saber...do desejo



O desejo é enigmático, o sujeito é enigmático, para toscamente dizer pouco. 
Da lição XX de Lacan, "O desejo e sua interpretação", 1959, retira-se pérolas para quem deseja-as. Ei-las:

Diz Lacan, que a história do desejo se organiza em um discurso que se desenvolve no insensato_ o inconsciente. E que, oposto ao princípio de realidade, o desejo se apresenta como o tormento do sujeito.

Que é o sujeito? 
O sujeito se constitui na medida em que entra no significante, na medida em que é introduzido pela relação mais primordial do sujeito, a relação com o Outro.
É na medida em que o Outro é colocado como aquele que pode ou não desempenhar um certo papel, é que o Outro é instaurado como sujeito. Na medida em que o Outro é um sujeito como tal, que o sujeito se instaura e pode se instituir, ele mesmo, como sujeito. 
Assim se estabelece essa nova relação ao Outro, nesse Outro, a se fazer reconhecer como sujeito. Não mais como demanda, nem como amor, mas como sujeito. 

O que é desejo?
Em termos de alternativa significante, a necessidade do sujeito, que se instaura tudo que no decorrer vai estruturar a relação do sujeito a ele mesmo, que se chama o desejo.
O sujeito será interessado historicamente por todas as experiências com o Outro, o Outro maternal. Mas nada disso poderá esgotar a falta que existe ao nível do significante que o sujeito tem de se referenciar para se constituir como sujeito, ao nível do Outro. 
E nada de real da parte do Outro pode suprir, essa falta, que se produz no nível do Outro, enquanto lugar da palavra, não ao nível do Outro enquanto real.

Na medida em que o sujeito se encontra marcado dessa falha, da não garantia ao nível da verdade do Outro, terá de instituir o objeto, esse algo que é objeto a; que se encontra submetido a essa condição de expressar sua tensão última, que é o resto, o resíduo e que está à margem de todas essas demandas, e que nenhuma delas pode esgotar; esse algo que é destinado a representar uma falta e representá-la com uma tensão real do sujeito, seu tormento.

Dessa falta em relação à qual o sujeito terá de se referenciar. Isto Lacan chamou de "osso" da função de objeto no desejo, é o que vem em resgate do fato de que o sujeito não pode se situar no desejo  sem perder o mais essencial de sua vida. Em torno disto que Lacan cita Simone Weil, “se nós soubéssemos aquilo que o avaro tranca em sua caixa saberíamos, diz ela, muito sobre o desejo”.


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