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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Moral e Ética por Yves de La Taille


Yves de La Taille nasceu na França, mas, desde criança, vive no Brasil. É professor de Psicologia do Desenvolvimento Moral na USP. É co-autor dos livros Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão, Indisciplina na Escola (Summus Editorial) e Cinco Estudos de Educação Moral (Casa do Psicólogo) e autor, entre outros, de Limites: Três Dimensões Educacionais (editora Ática). 

La Taille Investiga o desenvolvimento moral desde a década de 80 e é um dos especialistas mais respeitados do país nessa área.

Segundo ele, a crise moral e ética atinge tanto a escola quanto as famílias, e uma empurra a responsabilidade da educação das crianças para a outra. “Muitos professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites a seus filhos, e muitos pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina”, porém La Taille completa que tanto uma quanto a outra têm grande responsabilidade no desenvolvimento moral e ético das crianças.

O que La Taille diz sobre moral e ética: 

Moral é o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e na sua dignidade. Logo, a moral pertence à dimensão da obrigatoriedade, da restrição de liberdade, e a pergunta que a resume é: “Como devo agir?”. 

Ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a procura de viver uma vida significativa, uma “boa vida”. Assim definida, a pergunta que a resume é: “Que vida quero viver?”. É importante atentar para o fato de essa pergunta implicar outra: “Quem eu quero ser?”. Do ponto de vista psicológico, moral e ética, assim definidas, são complementares.

Para saber mais sobre o assunto, assista estes excelente vídeos:





terça-feira, 25 de setembro de 2012

De Justin Bieber à Pixinguinha (e não o contrário)



Todos os dias é a mesma rotina, ligar o computador para ver as news: uma sucessão de cliques no msn, facebook, twitter, badoo, orkut, youtube e, é claro (nem tim, nem oi) nos blogs do momento!

Vivemos a Cibercultura, uma relação sociocultural de trocas entre sociedade, cultura e as novas tecnologias. Precisamos nos comunicar, interagir e tomar a máxima "sem conhecimentos básicos de informática, considere-se um analfabeto" (apesar disso não ser mais um problema!) como  condição de sobrevivência!

Porém, não exageremos! Já obtive uma prova das minhas convicções que o superado, o antigo sempre vai ter seu lugar e seu momento sublime de nos fazer sentir "menos" antigos e superados!

Minha filha, fã número um do Justin Bieber, quis ouvir na rádio uol a música "carinhoso". Procuramos e ela ouviu várias versões, desde Marisa Monte até um remix estilo bate estaca! Até que achamos a versão original com Pixinguinha. 
A grande surpresa foi que esta garotinha, ao final, comenta: "Prefiro com o Pixinguinha! é bem mais bonito, né mamãe?" Concordei emocionada. Sou fã desta geração!
Eu blogo, tu blogas? 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

HOJE PENSEI EM HILDA


Que eu te devolva a fome do meu primeiro grito 

No folder de seu show "Fôlego", Filipe Catto incluiu um poema de Hilda Hilst, 

Isso de mim que anseia despedida
(Para perpetuar o que está sendo)
Não tem nome de amor. Nem é celeste
Ou terreno. Isso de mim é marulhoso
É tenro. Dançarino também. Isso de mim
É novo. Como quem come o que nada contém.
A impossível oquidão de um ovo.
Como se um tigre
Reversivo,
Veemente de seu avesso
Cantasse mansamente.
Não tem nome de amor. Nem se parece a mim.
Como pode isso?
Ser tenro, marulhoso
Dançarino e novo, ter nome de ninguém
E preferir ausência e desconforto
Para guardar no eterno o coração do outro.
(Canto III, Cantares do Sem Nome e de Partidas)

        Isto me fez pensar nela. Escritora, poetisa, dramaturga, autora de muitas obras, entre elas uma trilogia erótica: O caderno Rosa de Lori Lamby, Contos grotescos/ Textos de escárnio e Cartas de um sedutor; a novela Rútilo Nada e o volume de poemas Cantares do Sem Nome e de Partidas. O texto denso e metafórico Estar Sendo/ Ter Sido e Do amor, obra que reúniu 77 poemas, os quais dedicou a seu pai, o poeta Apolônio de Almeida Prado Hilst.

Hilda dedicava seu tempo a ler, principalmente obras sobre física, na sua incansável busca de uma possível imortalidade do ser humano. Sem nunca ter tido medo de ser considerada “louca”, Hilda se deu ao direito de dizer o que bem entendia.

Hilda falava de seus personagens como se fossem reais: Vittorio, personagem da obra Estar Sendo/ Ter Sido, era um ser que “pensa desesperadamente”, com vida própria e revelou que após ter lido o livro pela segunda vez, descobriu fatos não percebidos antes: o seu cinismo em pagar Alessandro, um filho bastardo, para ficar com sua própria mulher. Essa atitude de Vittorio, para Hilda, nada mais era o fato de Vittorio querer “se pensar”: pensar não é agir, mas quem pensa, faz uma ação tripla. É um grande esforço. Hilda encontrou em James Ward a frase que caberia bem com o personagem de Vittorio: “Denken ist schwer” (pensar é difícil), fez uma relação do pensar com agradecer, “denken” (pensar) e “danken” (agradecer), similaridade notado por ela entre o alemão e inglês. Uma forma pensante de agradecer.

A obra Estar Sendo/ Ter sido, altamente alegórica nas cores usadas pela autora: o amarelo e as cores que derivam dele: o amarelo da cor da pele, das pessoas mortas, das máscaras que os atores do teatro de Pequim usam para simbolizar o cinismo e a dissimulação. Vittorio é muito dissimulado, completou Hilda.
Hilda revelou que não lembrava como iniciava suas obras. Escrevia apenas, e os personagens surgiam, havia então um interesse por eles. Havia espanto e descoberta.

O que há em comum entre os personagens e Hilda? Não se declaram totalmente. Falam nos grandes silêncios. 

Vittorio é um suicida em potencial. Isso é pensado o tempo todo, porém não é visível para o leitor comum. É o pensar e a necessidade de agir. Em dado momento ele se revela como poeta e daí surge outra figura: Pedro Cyr. Hilda diz “Ele tem um poema esquisito, uma coisa diferente, veio de repente esse cara!” 
Os personagens de Hilda foram muito presentes em sua na vida. Convivendo ou aparecendo de repente. Vittorio, por exemplo, Hilda gostou de conhecê-lo, o seu deboche, seu cinismo, do tipo que ri de si mesmo, dizia ela.

Hilda, personagem de sua própria vida, sonhou transformar sua casa numa fundação de estudos psíquicos de imortalidade, após ter lido o livro de Sônia Rinaldi Transcomunicação Instrumental, onde a autora mostra mensagens recebidas por fax de pessoas de outro planeta. Esse lugar seria Marduk, que quer dizer sol. Hilda se entusiasmou com a possibilidade da comunicação via telefone, antes realizadas pelas ondas do rádio, com as pessoas que estavam lá em Marduk: Júlio Verne, Einstein e Paracelso. A própria Hilda foi pioneira, ao gravar vozes vindas do além.

Cercada por muitas árvores, livros e seus sessenta cachorros, Hilda teve uma vida ímpar: sua surpreendente trajetória filosófica, onde seus personagens tinham vida própria, sua linguagem visceral e instigante em contraste com seu senso de humor e simplicidade ao revelar-se telespectadora assídua da novela das seis.

Suas obras, definidas por Hilda como “umasómúltiplamatéria” foram escritas compulsivamente: “você não sabe dizer exatamente por quê. Mas tem necessidade de comunicar aquilo para o outro, de alguma maneira. Quem sabe se é o que eu também digo, escrevendo: pertencer, caber – fazer parte de.” 

Hilda imortal partiu em 2004 numa nave. 

Nave Ave Moinho 
E tudo mais serei 
Para que seja leve 
Meu passo 
Em vosso caminho 
Hilda.

Adoro Hilda e,
Adoração de
Filipe Catto.